PILAR 3: FÉ

Primeiramente, parabéns por ter chegado até aqui! Certamente, o caminho não foi fácil, mas espero que você esteja fazendo bom uso e aplicando as técnicas apresentadas neste material. Quero ressaltar que escrever estas técnicas foi um trabalho que exigiu muito tempo de estudo e prática para validá-las. É extremamente gratificante ver os resultados fluindo em nossas vidas, e espero que você também os perceba.
Diferentemente dos dois primeiros pilares (sono e hábitos), o pilar da fé apresenta uma abordagem um pouco distinta, pois não foi desenvolvido como um conjunto de técnicas. Otema “fé” é vasto, repleto de emblemas e discussões que poderiam ser explorados tanto neste quanto em muitos outros materiais. No entanto, neste material, o conteúdo completo será dividido em partes e publicado ao final de cada ano.

“Mas o centurião respondeu: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha morada! Basta apenas uma palavra Tua e meu servo será curado.”
-Mateus, Cap. 8; Versículo 8

Durante toda nossa vida, vivemos em meio a períodos emocionais decorrentes dos acontecimentos que vão se criando conforme avançamos nesta jornada.
Eles podem ser períodos que consideramos “ruins”, ou seja, momentos vividos, na maior parte do tempo, em meio à tristeza, incerteza, fracasso, culpa, angústia, medo…Comopodemser períodos que consideramos “bons”, ou seja, percebemos a maioria dos momentos deste período com alegria, entusiasmo, realizações, conquistas, serenidade… Esses períodos podem ter pequenas ou grandes representatividade em nossas vidas, porém existe uma certa discrepância entre relevância percebida, o que eles realmente são e de como lidamos com esses momentos — por exemplo, um período de dificuldade pode destruir nossas vidas ao passo que os momentos de sentimentos bons podem não mais nos trazer a paz e a alegria que outrora eram capaz de nos proporcionar.

Quando pensamos sobre a representatividade das experiências de nossas vidas, observamos que esses períodos — percebidos por nós como bons ou ruins — às vezes, têm similaridades em alguns aspectos físicos — são períodos muito parecidos, porém fazemos um julgamento a respeito do que eles representam para nós de maneira muito diferente — e costumamos atribuir o motivo de mudarmos nossos julgamentos à conceitos como maturidade, desenvolvimento pessoal, talvez até atribuímos a capacidade de lidar com momentos ruins a outras pessoas que estão perto de nós, nos apoiando — e eu não digo que não seja real e bem fundamentado todo esse pensamento, porém digo que não é suficiente.

Sobre isso, muito se discute em neurociência, psiquiatria, psicologia e muitas outras áreas científicas. Porém, existe um fenômeno cujos mecanismos ainda não são plenamente conhecidos pela ciência, mas que é capaz de mudar completamente nossa realidade diante de qualquer período ou momento que a vida nos apresente.

Este fenômeno possui muitos nomes e é percebido desde o começo dos tempos. Eu o chamo de “Experiência com Deus”: a percepção de estar vivendo em Sua presença a todo tempo, aliada ao entendimento de que Ele nos ama — Deixe-me explicar melhor…

então compreenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus” - Provérbios, Cap. 2; Versículo 5.

Ao nos depararmos, pela primeira vez, com a ideia de um Deus todo-poderoso e criador do universo, costumamos pensar muitas coisas sobre suas características. Porém, na primeira interação, quando realmente o conhecemos, somos surpreendidos pelas reais e mais tangíveis virtudes de Deus — por mais que Ele seja perfeito, tenha poder infinito e virtudes incompreensíveis, me refiro às abstrações que alguns de nós conseguem reconhecer e sentir vindas Dele.

Ainda a respeito dessa ideia inicial do Criador, costumamos refletir muito sobre questões derivadas do medo, como as possíveis punições no caso de não seguirmos os preceitos estabelecidos pelos “Doutores da Lei” ou o medo da punição por nossos pecados.

Ouvimos muito que devemos temer a Deus, mas, afinal, quando nos foi explicado o que realmente significa temer a Deus? O que significa, de fato, temer a Deus?

Osignificado de temer a Deus vai muito além da ideia inicial que temos sobre esse conceito. Temer a Deus é o verdadeiro reconhecimento de Sua grandeza, Sua santidade, Sua autoridade sobre todas as coisas e, por fim, Seu amor por nós. Temer a Deus significa reconhecer, respeitar e amar o Senhor. Portanto, definitivamente, temer a Deus não significa ter medo, mas sim amar.

Entender esse conceito é fundamental para nossa vida. Quando o aplicamos, preparamos os solos de nossas vidas para as sementes que “um certo Semeador” irá semear em nós.

Finalmente, quando realmente nos deparamos com Deus pela primeira vez, ocorre um grande e interessante fenômeno. A esse fenômeno atribuímos muitos conceitos, inclusive “a sensação da presença do Espírito Santo”. Contudo, pode chamá-lo como quiser, pois, a partir daqui, não existe nome ou explicação que nos permita entender plenamente aquilo que só podemos sentir.

Este fenômeno surge para todos os seres que vivem ou já viveram neste planeta — não importa se você é ou foi a pessoa mais espiritualizada ou intelectual que já caminhou pela Terra. Não importa se estamos falando de um anjo ou de um santo, não existe a menor possibilidade de nos depararmos com a presença de Deus sem ficarmos extasiados, surpresos e admirados. Ainda que com nossa infinita ignorância, conseguimos ao menos entender que não há limites para tamanha graça, pois a infinidade do poder de Deus é o que nos deixa nesse estado de êxtase quando estamos em Sua presença.

Portanto, nossa ideia inicial a respeito de Deus tende a desaparecer, e começamos a temê-lo, mas com um temor que nasce do reconhecimento de Sua grandeza e amor, e não do receio ou medo do Senhor. Contudo, ainda há pontos a serem conhecidos a respeito de Deus para que nossa experiência seja mais completa e profunda. Normalmente, levamos muito tempo para compreender isso. Às vezes, pode levar uma vida inteira.

Pois bem, após nos desvincularmos da ideia inicial e errônea que tínhamos a respeito de Deus e nos tornarmos conscientes da infinidade de Sua graça e verdade, novamente nos surpreendemos com Suas revelações. Dessa vez, nos deparamos com as virtudes e graças de Deus para conosco, ou seja, como o Senhor se relaciona com essas pequenas e fracas criaturas chamadas seres humanos. São muitas as virtudes, mas todas derivam do amor infinito do Senhor por nós. Dentre elas estão a bondade, a fidelidade, a compaixão, a justiça, o perdão, entre outras.

Este momento, em que ficamos conscientes da graça de Deus, mesmo que não compreendamos sua dimensão, é muito interessante. Esse estado de consciência pode acontecer em uma fração de segundo ou levar muito tempo, e talvez nem percebamos que estamos nos tornando conscientes. Entretanto, mesmo que não estejamos percebendo esse estado pairando sobre nós, com o tempo vamos sendo preenchidos por ele, ainda que sem perceber.

A consciência das virtudes do Senhor para conosco, seres humanos, é totalmente derivada do amor. Mas não é qualquer amor; é algo que nos preenche e nos torna plenos, uma consciência que nos conforta e, definitivamente, nos alivia das incertezas. Percebemos que, mesmo diante de tamanha pequenez, insolência e imperfeição de nossa parte, ainda assim Ele nos ama tanto a ponto de nos perdoar e amparar infinitas vezes, ter compaixão infinita por nós, seguir nos abençoando, mesmo diante de tanta transgressão. Essas virtudes do Deus todo-poderoso são para conosco, pequenos seres ingratos e falhos demais para reconhecer e nos entregar plenamente à Sua graça e verdade.

Entenda uma coisa: ainda estamos falando apenas da consciência de que essas virtudes de Deus existem. Ainda não falamos sobre recebê-las, ou melhor, experimentá-las.

“Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu filho unigênito ao mundo, para que vivamos por ele” -1 João, Cap. 4, Versículo 9

Por fim, nos deparamos com a maior noção de amor que poderíamos experimentar em nossas vidas: o entendimento de que esse Deus todo-poderoso, criador, gestor e rei do universo, enviou Seu filho — também Deus, também rei do universo e cheio do Espírito Santo. Este Filho se fez pequeno e morreu pregado numa cruz para salvar a todos nós, seres insignificantes comparados a Ele, por um único motivo, “o motivo”, o mais misterioso e, ao mesmo tempo, perceptível sobre a interação de Deus conosco. Esse motivo é o que nos conecta e nos torna conscientes de Sua ação e companhia a todo tempo. Este motivo se chama AMOR. Ele morreu por nós por amor. Este é o motivo — o amor de Deus por nós demonstra, de maneira abstrata, o quão maior Ele é, mesmo que não possamos compreender nada maior do que o infinito.

Costumamos dizer que tudo isso é mistério da fé, e assim o é quando nos referimos a compreendê-lo. Contudo, é totalmente tangível quando nos comprometemos a recebê-lo, ou melhor experimentá-lo, em nossas vidas — é muito mais tangível, palpável e real do que qualquer outra coisa no mundo, mais real do que esta tela ou página em que está lendo isto agora. A experiência com Deus, definitivamente, é a única coisa que temos certeza ser real. Porém, isso não requer compreensão, mas vivência.

Para compreendermos melhor o amor de Deus, nós, seres humanos, o dividimos em características, e as chamamos de virtudes provenientes do amor de Deus. Elas são muitas e grandiosas, a ponto de serem infinitas, assim como tudo que provém do amor de Deus — como já mencionado, elas são muitas e de dimensões difíceis de imaginar, mas as compreendemos como podemos. Entre as que conhecemos estão a fidelidade, a compaixão, o perdão, a justiça, a sabedoria, a bondade e infinitas outras.

“Cantarei para sempre as misericórdias do Senhor; com a minha boca anunciarei tua fidelidade de geração em geração. Porque disseste: A misericórdia será edificada para sempre; nos céus estabeleces a tua fidelidade.” “Salmo 89; Versículos 1-2

Dada a natureza deste material, duas virtudes serão exemplificadas. Como já mencionado, não há muito o que se discorrer sobre elas, pois não conseguiremos atingir sua dimensão como um todo, mas podemos ter noção ao utilizarmos um auxílio espiritual: a palavra de Deus. Sendo assim, deixarei uma passagem que exemplifica bem a virtude da Fidelidade e da Compaixão de Deus para conosco — certamente você já ouviu a frase “Deus é fiel”, mas agora espero que não a compreenda apenas, mas que a experimente.

Antes de ler esta passagem, quero que traga à sua mente os pensamentos mais perturbadores (suas preocupações, seus medos, suas incertezas) — sejam eles quais forem e tenham a dimensão que tiverem. Mesmo que você os considere monstros gigantescos, pode trazê-los à mente neste momento.
Emseguida, quero que traga à mente sua noção a respeito da graça e do poder de Deus serem infinitos e, portanto, não terem dimensões — pois não há nada que possamos imaginar que se compare ao poder e à graça do Senhor.

Por fim, quero que se lembre. Se lembre de algo que, com frequência, esquecemos. Se lembre de que Ele te ama — mas te ama com aquele amor que discutimos anteriormente: infinito, inexplicável, que se compadece de suas angústias, de seus medos, de suas inseguranças. Um amor que é fiel e, portanto, não te abandonará em hipótese alguma.

- leitura do livro do profeta Isaías, capítulo 49, versículo 15 “Pode uma mulher esquecer-se de seu filhinho que ainda mama, a ponto de não compadecer-se do filho de seu ventre? Mesmo que ela esquecesse, Eu, contudo, não me esquecerei de ti!”

Essa passagem é tão boa que precisamos repetir a leitura:
“Pode uma mulher esquecer-se de seu filhinho que ainda mama, a ponto de não compadecer-se do filho de seu ventre? Mesmo que ela esquecesse, Eu, contudo, não me esquecerei de ti!” Is 49,15

Confie em Deus! Sua Fidelidade e Amor não são como os nossos, são como os de Deus.

A palavra de Deus

“Nestes dias , que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Ele é o resplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta a sua palavra poderosa.” -Carta aos Hebreus, Cap.1; Versículos 2-3.

Como apresentamos nossas próprias maneiras de pensar sobre como deveríamos viver ou como o mundo deveria ser, acabamos mudando de opinião com frequência em relação a temas centrais de nossas vidas — temos opinião para tudo. Começando por política, economia, ética… passando por nossos problemas e preocupações pessoais, nossos relacionamentos e também os alheios, nossa saúde, desenvolvimento pessoal… E por fim, sobre o que é certo e errado para Deus.

Nesse ponto, a explicação é que, por existirem muitas informações sobre quase todos os assuntos mais abordados por nossa mente e também por existirem muitos mestres dizendo suas interpretações sobre a vida e sobre Deus, acabamos acolhendo as verdades e conceitos que mais nos convêm ou que mais se enquadram em nossas opiniões — que muitas vezes, são formadas por outras pessoas.

E como resolver isso?

A minha sugestão é que existe uma fonte confiável, uma fonte que nos tira da frequente insegurança quanto aos nossos julgamentos de certo e errado, uma fonte que nos salva de continuarmos à deriva neste oceano de informações. Essa fonte é a palavra de Deus, que conhecemos como Bíblia sagrada — mais precisamente, no evangelho de Jesus Cristo.

É sabido pela grande maioria das pessoas que a Bíblia é dividida em Novo e Antigo Testamento, e que esses se diferenciam em tempo pelo nascimento e vida do menino Jesus. Caso não saiba, o Antigo Testamento apresenta muitas histórias e livros de grande importância para nosso entendimento a respeito de Deus e da vida. Porém, tudo que ocorreu até o nascimento de Jesus foi a ação da palavra, que é Deus, para com o mundo e suas devidas manifestações. Já no Novo Testamento, não estamos mais nos referindo às manifestações das ações da palavra de Deus, mas à própria palavra manifestada entre nós — ou, como diria João (1;14): “E a palavra se fez carne e veio morar entre nós [...]”.

A Bíblia, de fato, é a palavra de Deus. Contudo, quero dizer neste momento, para você que está começando sua caminhada na fé, que busque a verdade da vida e de Deus em quatro livros específicos da Bíblia, os quais abordam o mesmo tema: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai se não por mim.” São eles: o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. São quatro livros que narram a mesma história — “do caminho, verdade e vida” — porém, contadas por autores diferentes e, obviamente, cada um com sua particularidade na forma de contar. O que se espera da leitura desses quatro livros é nada mais do que a elevação do espírito por meio do conhecimento do caminho, da verdade e da vida —essa orientação é para quem está começando.

“No princípio era a palavra, e a palavra estava com Deus, e a palavra era Deus. Ela estava no princípio com Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que foi feito. Nela havia vida, e a vida era a luz dos homens. [...] Ela era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, a todos ilumina. Estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não a receberam. A quantos, porém, a receberam, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: os que creem em seu nome, que foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E a palavra se fez carne e veio morar entre nós, e nós contemplamos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.[...] De sua plenitude todos nós recebemos, e graça sobre graça, pois a Lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. A Deus ninguém jamais viu. O Deus Unigênito, que está no seio do pai, foi quem o revelou”
-João, Cap. 1; Versículos 1-18

A oração

“Portanto, eu vos digo: pedi e vos será dado; procurais e encontrareis; batei, e a porta vos será aberta. De fato, todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e para quem bate, a porta será aberta.”
-Lucas, Cap 11; Versículo 9-10.

Essa é a história real de Mary Cushman:
se quiser conhecer mais dessa história, verificar em referências (está especificado o livro, o capítulo e as páginas que você pode acessar)

“Durante a depressão, o salário médio do meu marido era de 18 dólares por semana. Muitas vezes, nem isso tínhamos, pois ele não recebia quando ficava doente- o que acontecia com frequência. Ele sofreu vários pequenos acidentes; também teve caxumba, escarlatina e gripes diversas. Perdemos a casinha que tínhamos construído com as próprias mãos. Devíamos 50 dólares na mercearia- e tínhamos cinco filhos para alimentar. Comecei a lavar e a passar para vizinhos. Comprei roupas de segunda mão na loja do Exército da Salvação e as reformei para os meus filhos. Fiquei doente de preocupação. Um dia, o dono da mercearia a quem devíamos 50 dólares acusou meu filho de 11 anos de roubar um lápis. Meu filho chorou ao me contar o que tinha acontecido. Eu sabia que ele era honesto e sensível- e sabia que fora xingado e humilhado na frente de outras pessoas. Foi a gota d'água. Pensei em todo o sofrimento que tínhamos suportado e não conseguia ver a luz no fim do túnel. De tanta preocupação, acho que fiquei temporariamente louca, pois desliguei a máquina de lavar, levei minha filha de 5 anos para o quarto e lacrei as janelas e rachaduras com papéis e trapos. Minha filhinha perguntou: 'Mamãe, o que você está fazendo?' E respondi: 'Vedando a janela para o ar não entrar? Então liguei o aquecedor a gás que tínhamos no quarto, mas não o acendi. Enquanto jazia na cama com minha filha ao meu lado, ela disse: 'Mamãe, isso é engraçado. Acabamos de levantar?
Mas eu disse: Não se preocupe, vamos só tirar um cochilo? Então fechei os olhos e fiquei ouvindo o gás escapar do aquecedor. Jamais me esquecerei daquele cheiro..."
De repente, ela ouviu uma música. Mary Cushman tinha esquecido de desligar o rádio na cozinha. Era um antigo hino religioso:

Em Jesus amigo temos mais chegado que um irmão.
Ele manda que levemos
Tudo a Deus em oração.
Oh, que paz perdemos sempre,
Oh, que dor no coração, Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração.

Quando ouviu aquele hino, ela percebeu que tinha cometido um erro trágico: tentara lutar batalhas terríveis sozinha. Não tinha entregado tudo a Deus em oração. Levantou-se com um salto, desligou o gás, abriu a porta e as janelas.
"Chorei e orei pelo restante daquele dia. Só que não orei pedindo ajuda.
Derramei minha alma em gratidão a Deus por todas as bênçãos que Ele me concedera: cinco filhos maravilhosos, todos bem e saudáveis, fortes de corpo e mente. Prometi a Deus que jamais me mostraria tão ingrata novamente. E mantive a promessa. Mesmo depois que perdemos nosso lar e tivemos que nos mudar para uma pequena casa no campo, pela qual pagavamos 5 dólares por mês de aluguel, agradeci a Deus por aquela moradia; agradeci a Ele pelo fato de ter ao menos um teto para nos manter secos e aquecidos. Agradeci honestamente a Deus por nossa situação não ser pior- e acredito que Ele me ouviu, pois, com o tempo, as coisas melhoraram. Não foi da noite para o dia, mas, à medida que a depressão econômica recuava, começamos a ganhar um pouco mais de dinheiro. Consegui um emprego na chapelaria de um grande country clube e também vendia meias-calças nas horas vagas. Para ajudar a pagar a faculdade, um dos meus filhos conseguiu um emprego em uma fazenda, ordenhando 13 vacas de manhã e à noite. Hoje, meus filhos estão crescidos e casados e tenho três netos lindos.
E, ao relembrar aquele dia terrível em que liguei o gás, agradeço repetidas vezes a Deus por ter me despertado a tempo. Que alegrias eu teria perdido! Quantos anos maravilhosos eu teria abandonado para sempre! Toda vez que escuto alguém dizer que quer pôr fim à própria vida, sinto vontade de gritar: Não faça isso! Não faça isso! Os momentos mais sombrios logo passarão- depois, virá o futuro..."

Emprimeiro lugar, é importante ressaltar que todos temos algumas necessidades psicológicas básicas em nossas vidas, especialmente quando estamos enfrentando momentos de incerteza, ansiedade, medo, angústia ou qualquer outra condição prejudicial ao estado emocional. Nessas condições de debilidade emocional, seja você uma pessoa religiosa ou não, a oração pode ajudá-lo muito mais do que você imagina, pois é algo prático.

Eis as necessidades psicológicas que a oração satisfaz:

  1. Nos dá apossibilidade de compartilhar nossos fardos, além da sensação de não estarmos sozinhos — perceba que um dos pilares dos tratamentos operados por psicoterapeutas é a escuta, ou seja, dar a possibilidade ao paciente de compartilhar suas angústias.
  2. Nos ajuda a colocar em palavras exatamente o que está nos perturbando — às vezes, nós mesmos não entendemos exatamente o que está nos deixando para baixo e, quando paramos para pensar, percebemos que não era apenas uma questão que nos afetava, mas várias. Talvez aquela que pensávamos antes nem mesmo estivesse relacionada com a causa de nossas preocupações. Por fim, a oração nos ajuda a esclarecer e a exprimir em palavras o que, realmente, nos está incomodando.
  3. A oração desencadeia o princípio ativo de fazer. É um primeiro passo na direção da ação — a respeito dessa necessidade psicológica básica que a oração, certamente, satisfaz, há uma divergência entre o pensamento neuropsiquiátrico e o religioso. Como vimos no pilar dos hábitos, existem sistemas neurológicos interligados, e acredita-se que, de modo geral, a prática da oração atue em compartimentos motivacionais do cérebro, o que possibilita maior chance de realizar a atividade desejada (seja psíquica ou física). Certa vez, ouvi um cientista brasileiro dizer que “de modo geral, a religião nos deixa mais para cima”. Já a comunidade religiosa tem uma explicação um pouco diferente: atribui a ação exercida por nós como consequência do pedido feito em oração, mas também ressalta que precisamos agir para receber o que pedimos.

No caso de nada disso fazer sentido para você, de você não acreditar que a oração satisfaça essas necessidades psicológicas e que talvez você esteja apenas ajoelhando e falando consigo mesmo, deixarei algumas considerações do Dr. Alexis Carrel, que escreveu O homem, esse desconhecido, e recebeu o Prêmio Nobel de medicina no ano de 1912.

Se, ainda assim, nada disso fizer sentido para você e, dentro de suas crenças, não houver espaço para pensamentos sobre psicologia, neurociência, medicina ou forças e energias do universo, ainda há Alguém que quer contar-te uma última história:

Era uma vez, um Homem, andarilho e desconhecido, que vagava por um país pedregoso no qual as pessoas tinham dificuldade em ganhar a vida. Certo dia, uma multidão se reuniu em torno Dele em uma montanha e ele fez o que é provavelmente o discurso mais famoso de todos os tempos. Este discurso vem ressoando através dos séculos e talvez tenha chegado sua vez de ouvi-lo.
“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai que está em segredo. E teu Pai, que vê o que está em segredo, te retribuirá. [...] vosso pai sabe do que precisais antes de lhe pedirdes. Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás no céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”
-mateus, Cap 5, Versículos 6-13.

Realmente, não sabemos quais são as explicações para o poder da oração e, para te falar a verdade, pouco nos importa saber explicar tamanho poder. Só sabemos que esse poder é real, muito mais real do que muitas coisas que acreditamos serem reais, e que ele é acessível para todos que o buscarem com o coração.

Ofato de não compreendermos totalmente os mistérios do nosso corpo, da eletricidade, dos gostos que sentimos ao comer uma boa comida ou do motor do carro que nos permite deslocar com mais facilidade do que há poucos séculos, não nos impede de usá-los e experimentá-los, correto? — da mesma forma, o fato de não compreendermos os mistérios da oração não pode mais nos impedir de desfrutar da vida mais rica e feliz que este contato com Deus nos possibilita.

Cada uma das virtudes seria digna de livros e mais livros para que se pudesse ao menos compreender sua dimensão, e ainda assim não chegaríamos nem perto. Quanto ao amor de Deus em si, nem todo o conhecimento disperso no universo seria capaz de explicá-lo.

Contudo, tanto o amor do Senhor como a leitura da palavra e a oração podem ser reconhecidos quando vividos, aceitos e experimentados por nós.

Despeço-me de você, meu caro leitor, dizendo que o temor de Deus, a leitura da palavra e a oração o conectam com Deus de tal forma que agora você consegue senti-lo. Tudo isso é experiência com Deus. Mas não são as únicas formas de se relacionar com Ele. Existem muitas outras, e todas são maravilhosamente boas por nos proporcionarem o real prazer da vida: a proximidade com Deus — sobre esse assunto, vamos deixar para um próximo material.

Sendo assim, encerro este material com o pilar da fé em Deus pois é este o pilar da minha vida, ou melhor, porque esta é a Vida.

Que a alegria do Senhor seja a nossa força;
E, que a paz do Senhor esteja e permaneça sempre conosco;
Graças a Deus.

NOTAS:

Referências: